Crise derruba uso de celular e tevê a cabo

25/11/2015

Em setembro, queda no número de telefones móveis foi de 1%. Na televisão por assinatura, de 3%, ante o mesmo mês de 2014. Banda larga cresceu.

O brasileiro está tão apertado por conta da recessão, com aumento do desemprego, queda na renda e inflação nas alturas, que cortou serviços como telefone e televisão por assinatura. Pela primeira vez na história, o número de linhas de telefonia móvel no país teve queda. O SindiTelebrasil, entidade que representa as empresas de telecomunicação com atuação no mercado nacional, registrou 275 milhões de celulares até setembro deste ano,1% a menos do que em 2014.

No mesmo período, os acessos por telefones fixos caíram 2%, recuando para 44 milhões de linhas, enquanto a queda no segmento de televisão a cabo foi de 3%, com o registro de 19 milhões de assinaturas.

Para o presidente do SindiTelebrasil, Eduardo Levy, os dados são reflexo, sobretudo, da crise econômica, com o menor consumo dos brasileiros, mas outros fatores também contribuíram. "Houve uma mudança no comportamento dos consumidores e as empresas precisam ficar atentas a isso", disse. As novas ofertas de algumas operadoras, que agora cobram o mesmo preço entre ligações de empresas diferentes, reduziram a necessidade de as pessoas terem mais de um chip. "Alguns aplicativos também provocaram essa mudança, com migração para planos de dados", assinalou Levy.

A queda no número de celulares foi no segmento pré-pago, responsável por mais de 75% dos acessos no país. A pesquisa do sindicato aponta que, até setembro de 2015, foram ativados 9,4 milhões de chips pré-pagos a menos no mercado brasileiro.No mesmo período, houve aumento de 4,5 milhões pós-pagos. Além disso, existe uma prática comum de as empresas contabilizarem chips que já estão inativos na sua base de clientes, o que distorce um pouco os dados. "Isso ocorre no mundotodo", justificou o diretor executivo do SindiTelebrasil, Carlos Duprat.

Na direção contrária, o setor registrou aumento significativo nos acessos em banda larga, principalmente, na móvel. Atualmente, o país tem 225 milhões de acessos -- até setembro, houve 32,7 milhões de novas ativações em móvel e 1,2 milhão em internet fixa. "Todos querem mobilidade para falar e usar a internet. O número de residências com apenas telefonia fixahoje ébaixo no país,somente3%do total", comentou Levy. Enquanto isso, 76% dos usuários de internet acessam a rede por smartphones.

Para o presidente do SindiTelebrasil, não "adianta lutar contra a maré e investir em infraestrutura onde não há demanda".

Segundo ele, 50% dos orelhões existentes no país, por exemplo, não realizam uma chamada sequer por mês. Levy ressaltou, ainda, que alguns estados estão aumentando em 50% o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para tevê por assinatura. "O setor está perdendo competitividade", lamentou, referindo-se à concorrência com serviços de streaming como o do Netflix.

Meia-volta, volver

Coma crise, brasileiros já desligam telefones e a tevê por assinatura

» Até setembro deste ano, o Brasil registrou 275 milhões de celulares, queda de 1% em relação a 2014

» Nas adições líquidas, houve redução de 9,4 milhões de chips pré-pagos e aumento de 4,5 milhões pós-pagos

» Os serviços fixos estão perdendo espaço. São 44 milhões de telefones fixosem operação, queda de 2% em relação a 2014

» País registra 19 milhões de assinaturas de tevê, um recuo de 3% ante o ano passado

» Na direção contrária, houve ativação de serviços de banda larga,com aumentode32,7 milhõesem acessos móveis e 1,2 milhão em fixos. Atualmente, são 225 milhões de acessos

» A tributação no setor de serviços de celular e voz é de 43%, a maior de 18 países pesquisados, e quase o dobro do segundo lugar, a Argentina, com 25%

» O setor de telecomunicações terá uma série de aumentos de tributos, que representarão R$ 8,4 bilhões a mais em arrecadação para os governos, o dobro do lucro das empresas em 2014.

Fonte: Simone Kafruni - Correio Braziliense

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